sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Virgindade Perpétua de Maria


O que ensina a nossa Fé a esse respeito? O Catecismo da Igreja Católica, no nº 501, diz textualmente: “Jesus é o único filho de Maria.” Desta forma, estando bem sintetizado no Catecismo, Jesus não teve irmãos e irmãs de sangue, e isso testemunha claramente o Dogma da Perpétua Virgindade de Maria.
Esta verdade de fé vem sedo contestada pelos protestantes que, lendo superficialmente o Evangelho, lá encontram referências a “irmãos” de Jesus. De fato, os evangelistas realmente nos falam a respeito dos supostos irmãos. Vejamos o que São Mateus diz:
“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs?” (Mt 13,55-56).
O Evangelho de Mateus, como lemos, não só fala de irmãos, como também nos revelam seus nomes: Tiago, José, Simão e Judas.
Vejamos agora a versão de São Marcos: “Não é este o filho do carpinteiro? Filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão?” (Mc 6,3). Assim vemos que também Marcos nomeia os ditos irmãos de Jesus.
Também no Evangelho de São Lucas se fala deles: “Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se por causa da concorrência de povo” (Lc 8,19).
Finalmente, o 4º Evangelho, o de São João, nos relata: “Depois disto desceu ele para Cafarnaum , com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos.” (Jo 2,12).
E não somente nos Evangelhos, mas também nos Atos dos Apóstolos encontramos referências aos irmãos de Jesus: “Todos estes perseveraram unânimes em oração, com as mulheres, estando entre elas Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele.”  (At 1,14).
O que temos visto é que estas passagens, volta e meia, são jogadas como pedras nos católicos, parecendo dar aos protestantes e testemunhas-de-jeová um braço forte. Com isso, vem-se, então à mente, uma conclusão quase óbvia: se os evangelhos falam de irmãos de Jesus, como podemos nós, católicos, acreditar no Dogma da Virgindade Perpétua de Maria? Jesus teve mesmo irmãos de sangue, como sugerem os evangélicos. A resposta quem dá é a própria Bíblia: NÃO!
Como vimos, os irmãos de Jesus seriam: TIAGO, JOSÉ, JUDAS E SIMÃO. Seriam eles filhos de Maria e de José? NÃO! As Escrituras testemunham que eles tinham outro pai e outra mãe, que não era José, muito menos Nossa Senhora. Vejamos:
Dos únicos dois Tiagos que a Bíblia fala, um é filho de Alfeu (ou Cléofas) e outro filho de Zebedeu. Isso nos afirma o Evangelista Mateus: “Tiago, filho de Zebedeu (...) Tiago, filho de Alfeu e (Judas) Tadeu.” (Mt 10, 2-3). Mateus nos revela ainda o nome da mãe de Tiago e José: “Entre elas estavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.”
Assim vemos que o pai de Tiago e José, descritos como irmãos de Jesus, era Alfeu (Cléofas) e sua mãe se chamava Maria. Mas essa Maria era a mesma mãe de Jesus? NÃO! Quem testemunha agora é o evangelista João, que mostra que esta Maria aparece ao lado da Mãe de Jesus, na ocasião da crucificação: “E junto à cruz estavam a Mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.” (Jo 19,25).
Sendo assim, se a Mãe de Jesus estava junto à Maria de Cléofas, mãe de Tiago e José, logo somos levados a crer que não se trata de uma mesma pessoa. Não sei se o prezado leitor percebeu, mas o Evangelista João chama esta Maria de irmã da mãe de Jesus. Percebeu? Releia: “E junto à cruz estavam a Mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.” (Jo 19,25).
Portanto, se o Evangelho estiver correto – e como católicos, cremos que está – então, concluímos que, se Maria de Cléofas era irmã de Nossa Senhora, então Tiago e José eram primos de Jesus. E isto está no Evangelho, como vimos.
Mas e Judas? Ele também é citado na lista dos “irmãos” de Jesus. E é o próprio Judas Tadeu quem esclarece, no início da sua Epístola: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago.”  (Jd 1,1)
Recaptulando: Tiago, José e Judas eram irmãos sangüíneos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe: e também eram sobrinhos de Nossa Senhora, portanto, primos de Jesus.
Quanto a Simão, as provas vem de Hesegipo, um historiador do primeiro século, que o inclui entre os filhos de Maria e Alfeu.
São chamados de “irmãos” nos Evangelhos, pelo fato de que, na língua hebraica, falada pelo povo da época, não havia um termo específico para “primos”. O termo “ah” era empregado para designar parentes de até segundo grau.
Uma outra coisa que nos leva a crer que a Família de Nazaré era composta por três membros apenas, está no início do Evangelho de São Lucas, quando Jesus é encontrado no Templo em Jerusalém, aos 12 anos, pregando aos doutores. De acordo com a lei judaica, toda a família deveria peregrinar a Jerusalém, por ocasião da Páscoa (Dt 16,1-6; 2Cr 30,1-20; 35,1-19; 2Rs 23,21-23; Esd 6,19-22). Mas de acordo com Lucas, apenas José, Maria e Jesus subiram a Jerusalém: “Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele atingiu os doze anos, subiram, segundo o costume da festa.” (Lc 1,41) Também Maria afirma que apenas ela e José procuraram Jesus, quando ele se perdeu: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu PAI e EU, aflitos, estamos à tua procura.”  (Lc 1,48) Ora, prezado leitor, se Maria tivesse mesmo outros filhos, ela certamente diria: “Teu pai, teus irmãos e eu, aflitos, estamos à tua procura.”  Mas, como vimos, eles não são mencionados entre os integrantes da Sagrada Família.
Outra passagem que nos afirma que Maria não tinha filhos, está no já citado trecho sobre a crucificação. Ali, do meio das terríveis dores, Jesus, preocupado com a Mãe, confere a João, “o discípulo que ele amava”, a tarefa de acolher Maria em sua casa. Jesus disse claramente: “Eis aí tua Mãe” e “Mulher, eis aí teu Filho.” (Jo 19,27). Ora, se Jesus tivesse mesmo irmãos de sangue, ele não precisaria ter deixado sua Mãe com um apóstolo. E isso se reforça, se levarmos em consideração a lei que mandava que, no caso da morte do filho mais velho, o irmão imediatamente mais moço, deveria assumir os cuidados da genitora. Mas, como Jesus não tinha irmãos, ele precisou deixar sua Mãe com São João. E isto também está na Bíblia.
Há ainda um trecho muito polêmico dos Evangelhos que diz: “(José) levou Maria para casa e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho.”  (Mt 1,24). Contudo, na versão protestante de João Ferreira de Almeida, está assim narrado: “Contudo, não a conheceu ENQUANTO ela deu à luz um filho.” Esta é na verdade, uma “tradução” tendenciosa que visa insinuar que José e Maria não coabitaram apenas no período da gravidez, sendo que, após isto, eles passaram a ter uma vida sexual normal. Entretanto, trata-se de uma versão corrigida da Bíblia de Almeida, pois nas versões mais antigas (e não menos tendenciosas) se lê: “Contudo, não a conheceu ATÉ que ela deu à luz um filho.” À primeira vista, nos parece não haver muitas diferenças entre os termos, mas se analisarmos, veremos que na Bíblia, a palavra “até” tem outra conotação. É o que percebemos também neste caso (ainda na versão protestante): “Mical, filha de Saul, não teve filhos ATÉ o dia de sua morte.” (2Sm 6,23). Aqui, de modo mais evidente, fica claro que a palavra “até” indica uma continuidade daquilo que já se vivia antes. Neste caso, vemos que Mical não teve filhos até a morte. Mas será que depois da morte ela teve filhos? Lógico que não! Pois a palavra “até” sugere que a situação de Mical permaneceu a mesma após a morte. Isto também ocorre no caso do Evangelho. “José não conheceu “até” que ela deu à luz um filho.” Portanto, se ela era virgem ates, permaneceu também depois. Assim como Mical que “não teve filhos até o dia de sua morte.”
Ah, lembro ao estimado leitor que a Fé no Dogma da Virgindade Perpétua de Maria não é exclusividade católica. Os principais reformadores protestantes também dão testemunho disso. Veja, por exemplo, o que nos fala o fundador do Protestantismo, Martinho Lutero:
“Um só Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nascido da Virgem Maria.” (Martinho Lutero, “Apologia da Confissão de Fé de Augsburg”, art. IX)
“O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o auxílio de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem.” (Martinho Lutero, “Artigos da Doutrina Cristã”)
O que nós vemos, porém, é que os seguidores de Lutero não dão tanta atenção às suas palavras, pelo menos àquelas que não lhes convém.
Outro Reformador, o suíço Zwinglio, também cria na Virgindade Perpétua de Maria:
“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto, quanto após o mesmo, permaneceu virgem pura e íntegra.” (Zwinglio, em “Corpus Reformatorum”)
Se junta ainda à lista dos Fundadores crentes na Doutrina da Virgindade Perpétua, o Fundador da Igreja Metodista, John Wesley:
“Creio que (Jesus) foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem, pura e imaculada.” (John Wesley, numa carta datada em 18 de julho de 1749.)
Com tudo isso, fica mais do que evidente que Jesus não possuía irmãos, nem meio-irmãos, mas primos, filhos de uma irmã de Maria (que também poderia ser uma prima). Torna-se claro também que a Doutrina da Perpétua Virgindade Mariana não se baseia apenas na Tradição Apostólica, mas também nas Sagradas Escrituras e, por incrível que parece, até em declarações dos principais reformadores protestantes.

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