sábado, 12 de março de 2011

Ser católico é bom demais!

 
padre Roger Luis
Evangelho (João 14,1-12) Já caminhamos três dias na presença do Senhor e especialmente no dia de hoje pudemos ver e experimentar as maravilhas de Deus. Depois da ressurreição e pentecostes a Igreja estava crescendo. A igreja primitiva era uma igreja carismática que vivia impelida pelo poder do Espírito Santo. Era por isso que a igreja crescia. Os apóstolos estavam obedecendo ao que Jesus mandou: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a toda criatura?”

Os apóstolos começaram a viver uma experiência carismática na igreja. A igreja nasceu carismática, precisa continuar carismática e isso depende de você. Nós não estamos preocupados com números. Nós homens não planejamos nada, quem planejou e fez foi o Espírito Santo. O papa João XXIII no inicio do Concílio Vaticano pediu que se voltasse a origem da experiência carismática, e por isso que você está hoje aqui.

Hoje de manhã o padre John nos falou que no diálogo com um pastor evangélico, ele questionou a maneira do padre e sua forma carismática de agir. O padre respondeu: sou católico, pentecostal, carismático e protestante contra o demônio e suas obras.

O Monsenhor Jonas me contou que quando esteve em Roma em um colóquio, convocado pela congregação doutrina da fé, houve reflexões sobre os carismas, pregações sobre os carismas, reflexões sobre os carismas. O que me chamou atenção primeiramente é que foi feita uma pergunta do porque na igreja se parou de incentivar os profetas, os carismas, a vivência do pentecostes? A igreja precisa voltar a viver a experiência do pentecostes.

O vaticano II afirma que a igreja católica e apostólica é salvação. E vai se tornar mais e mais salvação quando incentivarmos e vivermos conduzidos pelo Espírito Santo. Precisamos estar unidos para que a explosão carismática que chamamos de reavivamento aconteça no Brasil e se alastre por todo mundo. Isso acontecerá quando nos grupos de oração acabar a divisão e as brigas, porque nós precisamos é lutar contra o inferno e não transformar nossos grupos num inferno. E eu intercedo, e dou ordem de que toda divisão que existe na Renovação Carismática caia por terra. Que possamos professar a vitória da nossa igreja, a vitória do Senhor sobre toda a divisão e omissão dos carismas.

Queremos cumprir Senhor, a tua palavra que nos ordena que sejamos um. Que a unidade da sua igreja seja visível à sociedade e ao mundo. Precisamos viver essa unidade. Nós precisamos ser esses canais poderosos para que a glória de Deus atinja o maior número possível. É impossível experimentar Deus e voltar para casa sem sentir vontade no coração de evangelizar. Ficar de perna para o ar no domingo, dia do Senhor. Imagine a revolução que você não pode fazer na sua cidade como um carismático, discípulo, missionário. Eu desconfio de alguém que diz que se encontrou com Jesus, mas não tem vontade de evangelizar. Quem diz ter um encontro pessoal com Jesus, mas fica sentado em casa sem fazer nada é um mentiroso. A igreja está gritando que precisa de missionários. Os bispos estão pedindo, o papa está pedindo. E você, vai continuar sentadinho? Não dá para os católicos ficarem do jeito que estão. Ou somos católicos e assumimos sermos missionários como o Espírito nos faz, ou vamos morrer na nossa fé.

Você faz parte deste povo que foi eleito para revolucionar a nação brasileira no poder do Espírito. Se coloque como instrumento de Deus aonde o Senhor te levar: no seu trabalho, na sua casa, no seu grupo de oração, no avião, na rua, aonde Deus te levar, seja instrumento do poder de Deus. Você faz parte dessa raça eleita para ser instrumento poderoso do Senhor. Precisamos assumir a autenticidade da fé católica.

"Queremos cumprir a Tua palavra Senhor, que nos ordena que sejamos um."
Enquanto eu preparava a homilia, o Senhor veio me revelando algo maravilhoso em I cor 11, 17 que você pode acompanhar na sua bíblia. Como o povo católico tem participado da Eucaristia? Como o povo católico tem participado da missa? Quando o padre pede o Espírito Santo sobre o pão e o vinho, é Jesus, é a carne de Jesus é o sangue de Jesus. E como nós carismáticos, católicos estão vivendo a santa missa? É desanimador ver pessoas com sono e sem lutar contra o sono. Quantas vezes eu precisei ficar de pé para não ficar com sono na missa antes de me tornar padre. Mas parece que houve uma ‘mornidão’ quanto à participação da eucaristia.
Quantas vezes vemos pessoas conversando no momento mais sagrado onde o Senhor está vivo, presente e atual, e ao invés de contemplar esse milagre, se participa de qualquer jeito. O apostolo Paulo está dizendo que “é por isso que tem muita gente doente entre vocês”. Falo também da roupa que se usa para ir a missa. Eu admiro os nossos irmãos evangélicos, eles colocam a melhor roupa, o melhor terno para ir ao culto e nós temos a eucaristia e vamos de qualquer jeito. Domingo é dia de colocar a melhor roupa que temos. No fórum se você for de bermuda, camiseta, você nem entra, e você vai encontrar um advogado ou juiz. Na missa você vai encontrar o Rei dos reis, como você vai? Por isso tem pessoas doentes no nosso meio, porque estão brincando com o que há de mais sagrado.

Não importa se a música não está boa ou o som não está bom. Não tiro a responsabilidade de melhorar sempre. Só estou te alertando para o que você participa da missa. O padre pode não falar de forma entendível, porém quando ele fala: “Isso é o meu corpo e o meu sangue”, o corpo de Cristo está ali. E pare com o pensamento de nova era de que você pode rezar em casa sozinho. Que tem amigos virtuais, que não vai a missa por causa do padre. Todos têm o padre que merece, pois foi ele o escolhido do céu para trazer o caminho, a verdade e a vida para que você fique curado na eucaristia. Tem gente que diz que não confessa com padre porque sou homem, e sou mesmo, graças a Deus. Mas só eu e os padres do mundo inteiro tem a unção e permissão de falar que os teus pecados estão perdoados em nome de Jesus.

Eu acompanho a muitos jovens em presídios, eles vão e recebem a sentença, já foram liberados, porém enquanto não chega o alvará de soltura ninguém pode ir embora. A confissão é o alvará que você tem para esfregar na cara do demônio e dizer: “O Senhor me perdôo e você não tem nenhum poder sobre mim”.

É tempo de conversão, de decisão, de mudança de postura nesta igreja, aonde o Senhor dela é o caminho, a verdade e a vida. Essa igreja é o instrumento que o Senhor escolheu para te levar ao céu. Não tem como ser carismático e não fazer nada. Não tem como ser católico e não fazer nada. Não da pra ser carismático colocando somente as mãos para o céu sem colocar os pés no chão e as mãos na massa.


Padre Roger Luís
Padre da Comunidade Canção Nova

São Dâmaso Papa baluarte da Igreja primitiva



Papa em uma época muito conturbada, lutou contra restos de paganismo, heresias e indisciplina. Restaurou e embelezou as catacumbas e construiu igrejas.
Um cidadão espanhol, Antonio, estabeleceu-se em Roma com sua esposa, um filho e uma filha. Uma inscrição na basílica de São Lourenço in Dâmaso, na Cidade Eterna, diz que, depois de certo tempo de vida comum com sua esposa, com consentimento dela, separaram-se.
Ele recebeu as ordens sacras, e lhe foi designada a paróquia de São Lourenço. Seu filho Dâmaso, nascido na Espanha em 305, seguiu a carreira eclesiástica. Laurência, mãe de Damaso, vivia ainda quando ele foi elevado ao sólio pontifício em 366. Como sua filha Irene, ela se consagrara a Deus.
A pureza de costumes do jovem Dâmaso e sua rara erudição atraíram-lhe a geral estima dos bons. Por isso foi recebendo responsabilidades, até ser nomeado para o alto cargo de arcediago pelo papa Libério. Isso punha em suas mãos a administração de boa parte da Igreja, com todas as suas obrigações.
Os contemporâneos afirmam que Dâmaso era homem de grande virtude e inteligência cultivada, bem visto pela aristocracia romana.
Entretanto o Imperador Constâncio, tendo aderido à heresia ariana, começou a oprimir a Igreja com seu despotismo teocrático, querendo forçar o Papa Libério a lançar um anátema contra Santo Atanásio, campeão da ortodoxia contra a heresia ariana. Nada conseguindo, exilou o Sumo Pontífice no Oriente.
São Dâmaso deu a conhecer toda sua adesão a Libério, e obrigou-se publicamente, com o clero de Roma, a não receber outro Papa enquanto ele vivesse. Fez mais: acompanhou o Pontífice ao exílio, e com ele esteve até que Libério, julgando que Dâmaso seria mais útil à Igreja em Roma, ordenou-lhe voltar à Cidade Eterna.
“Doutor virgem da Igreja virgem”
Mais tarde o próprio Papa Libério voltou também a Roma, falecendo pouco depois. Dâmaso foi eleito em seu lugar para a Sé Apostólica. Uma facção, formada por sacerdotes e diáconos chefiada por Ursino e Lupo, não aceitou essa eleição.
Arrebanhando um populacho de vagabundos e cocheiros, congregaram-se na igreja de Santa Maria in Trastevere. Subornando Paulo, o bispo de Tívoli, levaram-no a ordenar sacerdote e ao mesmo tempo sagrar Ursino como bispo de Roma. Enquanto isso, São Dâmaso era aclamado pela maioria dos fiéis e do clero romano, e sagrado na basílica de São Lourenço in Lucina.
Para evitar conflitos, São Dâmaso quis renunciar, mas suplicaram-lhe que não abandonasse a Igreja naquela emergência.
O antipapa Ursino formou um partido poderoso, suficiente para provocar uma sedição e tumulto violento, em que morreram 137 de seus partidários no enfrentamento com os defensores do Papa verdadeiro. Dâmaso foi responsabilizado pelos desmandos e mortes ocorridos na luta.
Narra a legenda que um milagre o confirmou no posto: saindo São Dâmaso um dia da basílica do Vaticano, um cego conhecido começou a rogar-lhe em alta voz: “Santo Padre, curai-me”. O Pontífice, ante a fé e confiança do homem, fez-lhe um sinal-da-cruz nos olhos, dizendo: “Tua fé te salve”.
O enfermo recuperou instantaneamente a vista. Diante do milagre, toda a cidade de Roma pôs-se de seu lado. Entretanto, o antipapa e seus principais sequazes lançaram mão de toda sorte de calúnias para denegrir São Dâmaso, inclusive a de adúltero.
O Pontífice convocou um sínodo em Roma com a participação de 44 bispos, no qual se justificou tão satisfatoriamente, que o Imperador confirmou sua eleição e exilou o antipapa e seus principais colaboradores.
São Jerônimo, o grande Doutor da Igreja, afirma: “Dâmaso foi um arauto da fé, oráculo da ciência sagrada, e doutor virgem da Igreja virgem”. Essa última expressão tem o propósito de inocentar o Pontífice da calúnia acima.
Santa intransigência contra a heresia
A época em que São Dâmaso foi eleito para o sólio pontifício foi uma das mais conturbadas da Igreja. Havia muitos cismas, e as heresias brotavam de um dia para outro como cogumelos, provocando por toda parte discussões teológicas acaloradas e arbitrariedades imperiais. Discutia-se livremente sobre a natureza, a pessoa ou a vontade de Cristo, originando novos erros. Até em Roma, as diversas seitas se combatiam com encarniçamento.
Assim, além do funesto arianismo que dividia a Igreja e o Império, São Dâmaso teve que enfrentar os cismas dos sabelianos, eunomianos, macedonianos, fotinianos, luciferianos e apolinaristas.
O cisma dos luciferianos provinha do nome de seu chefe, o bispo Lúcifer, de Cagliari, que nunca estava conforme com os atos de misericórdia da Santa Madre Igreja. Nem como legado pontifício ele quis aprovar que Santo Atanásio, no Concílio de Alexandria (362), concedesse a arianos verdadeiramente arrependidos a reintegração em suas funções religiosas.
Acabou por separar-se de Roma, com um punhado de exaltados, e fundar uma igreja independente, deixando em Roma um bispo rival de Dâmaso, que causou não poucos transtornos ao Papa.
Outro problema que ele teve de resolver foi o de um cisma em Antioquia, onde dois bispos disputavam a mesma Sé, cada um exercendo seu episcopado sobre a parte da população que lhe era adicta. Como os dois eram igualmente recomendáveis, Dâmaso confirmou ambos na diocese, determinando que deveriam governar simultaneamente até que, à morte de um, o outro ficasse único detentor do cargo.
Caso menos grave foi o de Máximo, o Cínico, que chegou a Constantinopla não se sabe de onde, fingindo modos finos, piedade oca e afetado desdém das coisas do mundo. De início ganhou a confiança de São Gregório Nazianzeno, que o elogiou e defendeu publicamente.
Este santo, que não havia consentido em ser reconhecido oficialmente como bispo de Constantinopla enquanto não fosse confirmado no cargo, o exercia interinamente com aplauso geral. Mas a Sé era considerada vacante. Máximo apoderou-se dela, fez-se sagrar fraudulentamente, e pôs-se a caminho de Tessalônica, para que o imperador Teodósio o reconhecesse como legítimo bispo da capital do Império do Oriente.
O imperador comunicou o fato a São Dâmaso, que excomungou o intruso e procedeu à eleição canônica de São Gregório, matando assim na raiz o cisma incipiente.
Em dois sínodos romanos (368 e 369), São Dâmaso condenou os hereges apolinaristas e macedonianos; também enviou legados ao Concílio de Constantinopla (381), que condenou mais uma vez a heresia ariana. No sínodo romano de 369 (ou 370), foi excomungado o bispo ariano de Milão, Auxêncio, que entretanto, por favor imperial, permaneceu em sua diocese até o ano de sua morte, em 374, quando o substituiu Santo Ambrósio.
No meio dessas confusões teológicas e doutrinárias, São Dâmaso foi o homem de critério reto que servia de pauta para os verdadeiros católicos.
São Jerônimo participou do Concílio de Roma, convocado por São Dâmaso em 374. O Papa conhecia o profundo saber e capacidade do solitário de Belém, e o tomou como secretário.
Encarregou-o de responder, em seu nome, às consultas que recebia; encarregou-o também de muitos outros trabalhos para o bem da Igreja.
Entre essas tarefas empreendidas por São Jerônimo, merece menção a revisão do Novo Testamento, de conformidade com o original grego, como também a confecção do Saltério. Atualmente se atribui a São Dâmaso o catálogo das Sagradas Escrituras, tido antes como sendo de São Gelásio, e que foi composto no mencionado Concílio romano por influência de São Jerônimo.
Combate aos remanescentes do paganismo
Quando São Dâmaso subiu ao sólio pontifício, havia no Império importantes restos de paganismo, principalmente entre a aristocracia. Ao lado das basílicas romanas que se erguiam, havia templos pagãos em que se ofereciam contínuos sacrifícios. Na própria sala de deliberações do Senado conservava-se ainda, desde o reinado de Augusto, o famoso altar da Vitória, um dos símbolos do paganismo.
Por influência do Papa, o Imperador Graciano, sincero católico, ordenou sua demolição. Os senadores pagãos apelaram ao Imperador para que o altar fosse restaurado, mas os senadores católicos protestaram junto a São Dâmaso, cuja influência evitou a restauração.
Em 382, por influência do Papa, o imperador Graciano havia privado as vestais de seus privilégios, o que fez perecer o falso culto à deusa do lar. Com a morte de Graciano, os pagãos voltaram à carga para obter a restauração do altar da Vitória. São Dâmaso encarregou Santo Ambrósio de defender a posição católica. Com sua eloqüência e autoridade, este obteve do Imperador Valentiniano II a confirmação da medida.
Primazia e fortalecimento da Sé de Pedro
São Dâmaso foi dos primeiros Papas a afirmar energicamente, por palavras e atos, a primazia universal da Igreja romana. Essa supremacia da Sé de Pedro foi favorecida por atos e editos imperiais. Entre os pronunciamentos pontifícios está o que afirma que a supremacia eclesiástica da Igreja está baseada, não nos decretos dos Concílios, mas nas próprias palavras de Jesus Cristo em Mateus, 16, 18 (“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”).
No ano de 380, também por inspiração sua, o Imperador Teodósio emitiu o famoso edito “De Fide Catholica”, que proclamava como religião do Estado Romano a que tinha sido pregada por São Pedro aos romanos, e da qual Dâmaso era a suprema cabeça.
O desenvolvimento do papado nessa época, principalmente no Ocidente, trouxe-lhe muito de grandeza exterior. Sua extrema devoção pelos santos mártires levou-o a fazer várias reformas nas catacumbas, como um sistema de drenagem para evitar que a água estagnada ou das enchentes danificasse os corpos dos mártires nelas enterrados.
Também as embelezou com mármores e artísticos epitáfios, compostos por ele mesmo. Dâmaso compôs várias “epigrammata”, ou breves notícias sobre os mártires, e alguns hinos.
Foi também São Dâmaso que instituiu o canto freqüente do Aleluia, que antes era próprio do tempo pascal. Estabeleceu ainda normas para se cantar os salmos, e assinalou as horas do dia e da noite em que se deveria cantar o ofício divino nas igrejas e mosteiros.
São Dâmaso faleceu no dia 10 de dezembro de 382.

Sobre a veneração aos Santos…

Sobre a veneração aos Santos…

16 fevereiro 2007 in Estudo sobre o Católico e Idolatria, História da Igreja

Gostaria de trazer esse texto para você do grande São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja – Século V, que fala de São Pedro e São Paulo, e coloca-os como especiais padroeiros para obter a misericórdia de Deus. A Igreja Primitiva já trazia esse respeito pelos grandes homens que fizeram com seu testemunho a história dos cristãos. Esse texto é do início da Igreja. Por isso não tem sentido depois de quase dez séculos alguém vir a desprezar essa prática.
Pedro e Paulo, germes da semente divina
É preciosa aos olhos do Senhor a morte de seus santos (Sl 115,15), e nenhuma crueldade pode destruir a religião fundada no mistério da cruz de Cristo. A Igreja não diminui pelas perseguições; pelo contrário, cresce. O campo do Senhor se reveste de messes sempre mais ricas, porque os grãos, que caem um a um, nascem multiplicados.
Em quantos rebentos estes dois excelentes germes da divina semente brotaram são testemunhas os milhares de santos mártires que, rivais das vitórias apostólicas, envolveram com  uma multidão coberta de púrpura nossa Urbe e a coroaram com um diadema de glória, cravejado de muitas pedras preciosas.
Temos de alegrar-nos sumamente, caríssimos, com a comemoração de todos os santos por esta proteção, preparada por Deus, para exemplo e confirmação da fé. Mas, em vista da excelência destes patronos, é justo que glorifiquemos com ainda maior exultação, por que a graça de Deus, dentre todos os membros da Igreja, os elevou ao cume. Por isso, no corpo, cuja a cabeça é Cristo, constituem como que os dois olhos.
Não devemos pensar que os seus méritos e virtudes acima de toda a expressão sejam diferentes de algum modo ou tenham algo de peculiar, pois a eleição divina os tornou pares, o trabalho assemelhou-os e o fim da vida os igualou.
Por experiência pessoal e pela afirmação de nossos antepassados, cremos e confiamos que, nas lutas da vida, temos sempre a intercessão destes especiais padroeiros para obter a misericórdia de Deus, e por mais abatidos que estejamos pelos próprios pecados, somos reerguidos pelos méritos apostólicos.

LITURGIA E ANO LITÚRGICO

Liturgia não é apenas uma encenação da vida, paixão, morte e ressurreição de um tal de Jesus de Nazaré. Liturgia não é cerimônia, nem folclore; muito menos patrimônio cultural da sociedade.

Liturgia não é um esquema montado num papel, nem uma encenação que se faz para a Igreja. Liturgia é o conjunto de elementos e formas pelos quais realizamos um culto. Culto, por sua vez, é o encontro de uma comunidade com Deus.
Cada comunidade cristã tem uma maneira de se relacionar com Deus, por isso a liturgia possui diferenças de comunidade para comunidade, mas possui em seu

Iconografia Cristã Primitiva

A Igreja sempre utilizou como meio de comunicação para veicular conceitos e dogmas (verdades divinas), símbolos e imagens que eram mais compreensíveis que a transmissão oral e, também, como meio de instruir a população iletrada.

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No primeiro século, os elementos simbólicos utilizados para difundir as idéias cristãs, são provenientes do Egito, Etrúria e Pompéia. Desde o século II, encontramos pinturas nas paredes das catacumbas com cenas correspondentes aos episódios bíblicos, recorrendo a um simbolismo, pois não era permitida a representação dos mistérios religiosos para que não acontecesse profanação.


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Orante (detalhe), catacumba de Priscilla, cubículo de velatio, Roma, III século

Seus temas mais comuns são âncoras, cestos cheios de pão, uvas com pássaros bicando-as, e peixes. Outras representações interessantes são a do Bom Pastor, da Cruz Gamada e da Orante (tipo feminino em pé, gravada por meio de punção em superfície de estuque e pintada em arcosolium (abóbada) e cubiculum (capela).


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Bom Pastor, 400 (c.), catacumbas de Priscília, Roma

A linguagem ingênua da época paleocristã usa a pomba para falar da paz eterna, o anjo como pureza sem pecado, a fênix como ressurreição e o peixe para falar de Jesus (pois peixe em grego, são as iniciais de Cristo, filho de Deus, Salvador).


Extraído do Diretório da Arte

São Francisco sobre a Igreja

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Um santo muito admirado e querido é São Francisco de Assis. Viveu firme na fé levando muitos à sua volta a fazer o mesmo. É um grande exemplo de cristão, pleno de amor a Deus e ao próximo.

No mundo de hoje o nome deste santo é usado por grupos diversos, muitas vezes desvinculando sua imagem daquela que é sua mãe e que por ele foi muito amada: a Igreja!

Francisco era tão fervoroso era em sua fé que pediu que Jesus o iluminasse e este o atendeu: apareceu a ele, na igrejinha de São Damião pedindo que ele restaurasse a Igreja, que na época passava por complicações enormes e disse:

Este homem buscou em sua vida religiosa servir a Deus e foi o tempo todo obediente a Igreja. Falava com os céus, recebeu os estigmas após uma visão de Cristo crucificado, realizou milagres diversos, chorava cada vez que lembrava da paixão de Nosso Senhor e vivia na simplicidade buscando louvar a Deus a todo o momento. “Por isso admoesto e exorto no Senhor, que nos lugares onde moram os irmãos, uma só missa se celebre cada dia, segundo a forma da santa Igreja” (1)
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Abaixo alguns trechos de cartas, exortações e testamentos de São Francisco, onde ele tece comentários sobre a Igreja Católica, seus sacramentos e sacerdotes. Reparem no imenso amor e respeito que brota de suas palavras (os grifos são meus):

“A todos os que amam o Senhor com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento, com todas as suas forças (Mt 12, 30), e amam o seu próximo como a si mesmos (Mt 22, 39); e aborrecem seus próprios corpos com seus vícios e pecados; e recebem o Corpo e o Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo; e fazem dignos frutos de penitência; Oh! quão felizes e benditos são os homens e mulheres que praticam estas coisas e perseveram nelas! porque repousará sobre eles o espírito do Senhor (Is 11, 2) e neles estabelecerá a sua morada e mansão (Jo 14, 23); e são filhos do Pai celeste (Mt 5, 45), cujas obras fazem; e são esposos, irmãos e mães de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 12, 50).” (2)
“Devemos, além disso, confessar ao sacerdote todos os nossos pecados, e receber de suas mãos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem não come a sua carne e não bebe o seu sangue, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3, 5). Mas coma e beba dignamente, porque quem indignamente o recebe, come e bebe a sua própria condenação, não discernindo o Corpo do Senhor (1Cor 11, 29), isto é, não o distinguindo dos outros alimentos. E façamos dignos frutos de penitência (Lc 3, 8). E amemos ao nosso próximo como a nós mesmos (Mt Z2, 39).” (2)
Devemos ser católicos; frequentar as igrejas e reverenciar os sacerdotes, não tanto por si, se são pecadores, mas pelo ofício que têm de administrar o santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, que eles sacrificam no altar, e recebem e distribuem aos demais.

E firmemente nos compenetremos disto: Que ninguém se pode salvar, senão pelo Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo e pelas santas palavras do Senhor, que os sacerdotes proclamam, pregam e administram, e só a eles pertence administrar e não aos outros.” (2)
“1 Bem-aventurado o servo de Deus que confia nos clérigos que vivem rectamente, segundo a forma da santa Igreja Romana.
2 Mas ai daqueles que os desprezam: porque embora possam ser pecadores, ninguém se atreva a julgá-los, pois o mesmo Senhor reserva para si o seu julgamento.
3 Porque quanto sobreexcede a todos os demais, o ministério que eles têm do santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, que eles recebem e só eles aos outros administram,
4 tanto o pecado cometido contra eles é mais grave do que os cometidos contra todos os demais homens deste mundo.” (3)
“(...) deu-me o Senhor e me dá tanta e tal fé nos sacerdotes que vivem segundo a norma da santa Igreja romana, pelas ordens que têm, que, se alguém me perseguir, quero recorrer a eles. E mesmo que eu tivesse tanta sabedoria quanta teve Salomão, se encontrasse os pobrezinhos sacerdotes deste mundo nas paróquias em que moram, não quereria aí pregar contra a sua vontade. E a eles e a todos os demais sacerdotes quero temer, amar e honrar como a meus senhores. E não quero considerar neles pecado, porque neles vejo o Filho de Deus, e são meus senhores. E por isto o faço: porque não vejo coisa alguma corporalmente, neste mundo, daquele altíssimo Filho de Deus, senão o seu santíssimo Corpo e Sangue, que eles recebem e só eles aos outros administram. E estes santíssimos mistérios sobre todas as coisas quero que sejam honrados e reverenciados e colocados em lugares preciosos.”(4)
“Que em memória da minha bênção e do meu testamento, sempre se amem mutuamente, que amem sempre nossa senhora a santa pobreza e a guardem, e sempre se conservem fielmente sujeitos aos prelados e a todos os clérigos da nossa santa madre Igreja.” (5)

São Francisco de Assis rogai por nós!

"vai restaurar minha igreja, que está em ruínas".
Francisco no início entende literalmente e se põe a querer restaurar a igrejinha, mas só mais tarde sua missão fica clara. Então ele funda a Ordem dos Frades Menores que em curto espaço de tempo tornou-se uma das maiores ordens cristãs e ainda ajudou Santa Clara a fundar a ordem das Clarissas, levando a Igreja a ser restaurada em sua pureza inicial (a Igreja é santa, mas seus filhos não são todos santos, há também os pecadores e estes estavam levando-a a ruína).
A Igreja é a Arca, que contém ao mesmo tempo puros e impuros” (S. Agostinho, Sermão, 5,8)

É interessante que há pessoas que admiram tanto São Francisco, mas que não querem aceitar que ele foi santificado pela Igreja, de quem ele foi membro fiel. O próprio Jesus Cristo diz a Francisco que restaure a sua igreja! E ainda há os que dizem que Jesus não fundou nem queria igreja alguma... ora, na época desta aparição a hierarquia católica vivia de forma conturbada, em erros graves. Então Cristo aparece a um jovem convertido e pede que este restaure, reconstrua sua igreja... bom, das duas uma:

1 - ou Jesus queria sim a igreja - não somente espiritual, mas terrena também – e pede que ela seja reconstruída ou
2 - Francisco mentiu e, portanto, não era santo.

Aquele que tem olhos de ver que veja.

Se Estás Buscando A Igreja de Cristo...


Por Fulton Sheen
Tradução: Carlos Martins Nabeto

Não existem muitas pessoas que odeiem a Igreja Católica. No entanto, há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente crêem que a Igreja Católica seja.
Isto certamente é uma coisa totalmente diferente. Dificilmente se pode culpar essas milhões de pessoas por odiar o católico crendo - como crêem - que os católicos "adoram imagens"; que "colocam a Virgem no mesmo nível de Deus"; que "dizem que as indulgências são permissões para se cometer pecados"; ou "porque o Papa é um facista"; ou porque a Igreja "defende o capitalismo".
Se a Igreja ensinasse ou praticasse qualquer destas coisas, deveria ser odiada por justa razão. Porém, a verdade é que a Igreja não ensina nem crê em nenhuma destas coisas. Disto, se constata que o ódio de milhões é dirigido contra um conceito errôneo da Igreja e não ao que a Igreja verdadeiramente é. De fato, se nós, católicos, crêssemos em todas as mentiras e falsidades que dizem sobre a Igreja, muito provavelmente odiaríamos a Igreja mil vezes mais do que odeiam essas milhões de pessoas mal informadas.
Se eu hoje não fosse católico e estivesse em busca da verdadeira Igreja, buscaria uma Igreja que não se desse bem com o mundo. Em outras palavras, buscaria uma Igreja que o mundo odiasse. É que se Cristo estivesse em alguma das igrejas de hoje em dia, deveria ser odiado tanto quanto foi quando habitou carnalmente sobre a terra.
Se encontrasses Cristo em alguma igreja hoje, O encontrarias numa igreja que não se desse bem com o mundo...
Procure a igreja que é odiada pelo mundo, assim como Cristo foi odiado pelo mundo.
Procure uma igreja que seja acusada de estar ultrapassada, assim como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e sem instrução.
Procure uma igreja que os homens desprezem por ser socialmente inferior, assim como desprezaram Nosso Senhor por ter nascido em Nazaré.
Procure uma igreja que é acusada de ser endemoniada, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, o príncipe dos demônios.
Procure uma igreja que o mundo rejeite porque afirma ser infalível, assim como Pilatos rejeitou Jesus porque Ele declarou ser a encarnação da Verdade.
Procure uma igreja que, entre a confusa selva de opiniões contraditórias, seja amada por seus membros, assim como amam a Cristo, e respeitam sua voz, assim como respeitam a voz de seu Fundador.
Assim aumentarão as tuas suspeitas de que esta Igreja não condiz com o espírito do mundo e isso deve ser porque não é mundana; e se não é mundada é porque não é deste mundo; e por não ser deste mundo, lhe cabe ser infinitamente odiada e infinitamente amada, como ocorre com o próprio Cristo.
A Igreja Católica é a única Igreja que atualmente pode traçar sua História até os dias de Cristo. A evidência histórica é tão clara neste aspecto, que resulta curioso ver tanta gente não estar a par de algo tão óbvio!

SHEEN, Fulton. Apostolado Veritatis Splendor: SE ESTÁS BUSCANDO A IGREJA DE CRISTO.... Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5242. Desde 14/11/2008.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Igreja Primitiva era Católica ou Protestante?


É interessante notar como o Protestantismo alega ser o retorno às origens da fé, ao Verdadeiro Cristianismo, enfim o verdadeiro confessor da fé legítima dos Primeiros séculos. Aliás, diga-se de passagem, se existe uma constante entre as religiões não-católicas é a chamada "teoria do resgate". A imensa maioria delas (a quase totalidade) afirma que o cristianismo primitivo foi puro e limpo de todo erro, mas que, com o tempo, os homens acabaram por perverter a verdade cristã, amontoando sobre ela uma enormidade de enganos.



O verdadeiro cristão, sob este prisma, seria aquele que, superando tais enganos, redescobre o "verdadeiro cristianismo', com toda a sua pureza e singeleza.


Para estas religiões, o responsável pelos erros que se acumularam no decorrer dos séculos é, quase sempre, o catolicismo. Já a religião que "resgatou a verdade" varia de acordo com o gosto do freguês: luteranismo, calvinismo, pentecostalismo, espiritismo, etc.


De uma certa forma, mesmo as religiões esotéricas, a Teologia da Libertação, a maçonaria e (pasmen!) o próprio islamismo bebe desta "teoria do resgate".


O motivo do universal acatamento desta "teoria" é o fato de que, para o homem, é muito difícil, diante dos ensinamentos de Jesus Cristo, e da santidade fulgurante dos primeiros cristãos, negar, seja a validade daqueles ensinamentos, seja a beleza desta santidade. Portanto, as pessoas precisam acreditar que, de uma certa forma, se vinculam a Jesus Cristo e às primeiras comunidades cristãs, ainda que não diretamente.


Mas igualmente, é muito difícil para o orgulho humano aceitar que este genuíno cristianismo existe, intocado, dentro do catolicismo. Aceitá-lo, para todos os grupos não católicos, seria aceitar que estão errados e que, muitas vezes, combateram contra o verdadeiro cristianismo. Desta forma, a "teoria do resgate" é a maneira mais fácil para que um não-católico possa considerar-se um "verdadeiro discípulo de Cristo" sem ter que reconhecer os erros e heresias que professa.


O problema básico de todos estes grupos é que existem inúmeros escritos dos cristãos primitivos e, por meio de tais escritos é que alguém, afinal de contas, pode saber em que criam e em que não criam os cristãos primitivos. E estes escritos são uma devastadora bomba a implodir todos os grupos que ousaram a se afastar da barca de Pedro. Eles solenemente atestam que o cristianismo primitivo permanece intacto dentro do catolicismo. Assim (ironia das ironias), os adeptos da "teoria do resgate", freqüentemente, para defender o que julgam ser a fé dos cristãos primitivos, são obrigados a desconsiderar todo o legado destes primitivos cristãos.


O protestantismo é o mais solene exemplo de tudo o quanto acima dissemos.


Em nosso artigo "Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?", já expusemos como o protestantismo não confessa a fé que os primeiros cristãos confessaram, fé esta que receberam dos Santos Apóstolos. Quem estuda com seriedade as origens da fé e a história da Igreja, insistimos, sabe que a tão referida Igreja Primitiva, é na verdade a Igreja Católica dos primeiros séculos.


Neste presente artigo, gostaríamos de lançar a seguinte pergunta: teria sido o cristianismo primitivo uma união de confissões protestantes ou uma única confissão católica?


Sabemos que o Protestantismo ensina que todos os crentes em Jesus formam a Igreja de Cristo. Desta forma, não interessa se o crente é da Assembléia de Deus, se é Luterano e etc; são crentes em Jesus e fazem parte da Igreja Invisível de Cristo, mesmo confessando doutrinas diferentes. Curiosamente (e este é um paradoxo insuperável desta "eclesiologia" chã e rastaqüera), apenas os católicos é que não fazem parte deste "corpo invisível", ainda que confessemos que Jesus Cristo é o Senhor do Universo.


O protestantismo, como percebe o leitor, é algo bastante curioso...


Aqui é importante que o leitor não confunda doutrina com disciplina. O fato de na Assembléia de Deus os homens sentarem em lugar distinto das mulheres em suas assembléias, e o fato dos Luteranos não adotarem esta prática, não é divergência de doutrina entre estas confissões, mas de disciplina. A divergência de doutrina nota-se pelo fato dos primeiros não aceitarem o batismo infantil e os segundos aceitarem. Isto é para citar um exemplo.


A doutrina é a Verdade Revelada, é o núcleo da fé, é o que nunca pode mudar. A disciplina é a forma como a doutrina é vivida, e é o que pode mudar, desde que não fira a doutrina.


Uma análise completa de como seria o passado do Cristianismo se ele tivesse sido protestante exigiria a escrita de um livro. Então, neste artigo vamos apenas verificar a questão das resoluções tomadas pela Igreja Primitiva a fim de combater o erro, isto é, as heresias.


Ao longo da história, a Igreja se deparou com sérios problemas doutrinários. Muitos cristãos confessavam algo que não estava de acordo com a fé recebida pelos apóstolos.

A primeira heresia que a Igreja teve que combater a fim de conservar a reta fé foi a heresia judaizante.


Os primeiros convertidos á fé Cristã eram Judeus, que criam que a observância da Lei era necessária para a Salvação. Quando os gentios (pagãos) se convertiam a Cristo, eram constrangidos por estes cristãos-judeus a observarem a Lei de Moisés. Os apóstolos se reúnem em Concílio para decidir o que deveria ser feito sobre esta questão.


Em At 15, o NT dá testemunho que os apóstolos acordaram que a Lei não deveria ser mais observada. E escreveram um decreto obrigando toda a Igreja a observar as disposições do Concílio.


Veja-se este Concílio de uma maneira mais pormenorizada. Haviam dois lados muito bem definidos em disputa, cada qual contando com um líder de enorme expressão. O primeiro destes lados era o já citado "partido dos judaizantes",  que tinha, como sua cabeça, ninguém menos do que São Tiago, primo de Jesus Cristo e a quem foi dado o privilégio de ser Bispo da Igreja Mãe de Jerusalém. Contrário a este partido, havia o que advogava que, ao cristão, não se poderia impor a Lei de Moisés, visto que o sacrifício de Jesus Cristo era suficiente e bastante para a salvação de quem crê. Como cabeça deste grupo, estava São Paulo, o mais influente apóstolo de então, a quem Deus havia dado o privilégio de "visitar o terceiro céu", e de conhecer coisas que, a nenhum outro ser humano, foi dado conhecer.


Dois grupos muito fortes, com líderes extremamente influentes. Realiza-se o Concílio num clima de muita discussão. Estavam em jogo a ortodoxia e a salvação da alma de todos nós. No concílio, foram estabelecidas duas coisas muito importantes, de naturezas diversas.


Em primeiro lugar, São Pedro afirmou que os cristãos não estavam obrigados à observância da lei, definindo um ponto de doutrina imutável e observado por todos os cristãos até hoje (At 15, 7-8). Aliás, a liberdade cristã, vitoriosa neste Concílio, é o ponto de partida de toda a  teologia protestante. Não deixa de ser curioso o fato de que este núcleo teológico acatado por todos eles foi definido, solenemente, pelo primeiro Papa, muito embora eles afirmem que o Papa não tem poder para definir coisa alguma...


Pouco depois, São Tiago sugeriu, juntamente com a proibição de uniões ilegítimas, a adoção de normas pastorais (a saber: a abstinência de carne imolada aos ídolos, e de tudo o que por eles estivesse contaminado),o que foi aceito por todos e imposto aos cristãos. Tais normas, hoje não são seguidas. Por que? Nós católicos temos o argumento de que tais normas eram disciplinares e não doutrinárias, e que a Igreja Católica que foi a Igreja de ontem com o tempo as revogou; assim como uma mãe que aplica normas disciplinares a um filho quando é criança e não as utiliza mais quando o filho se torna um adulto.


E qual o argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser curioso o fato de que não existe uma revogação bíblica destas normas, e, portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?) deveriam observá-las. No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por cima, nos acusam de "doutrinas antibíblicas"...


Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da ?sola scriptura", do que não seguir as normas de At 15, 19-21...


Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três motivos:


a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e obedecida até pelos protestantes hodiernos, ilustrando a infalibilidade papal;


b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual seja: a abstenção de uniões ilegítimas), igualmente seguida por todos até hoje, o que ilustra a infalibilidade conciliar;


c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos cristãos e que deixaram, com o tempo de serem seguidas, muito embora constem da Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por óbvio, não cabe dentro do "sola scriptura").


Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados estavam profundamente desgostosos. Em primeiro lugar, o grupo dos judaizantes teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal, São Pedro em pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha lá grande importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o próprio São Tiago se curvou.


Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base escriturística para a afirmação de São Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene definição dogmática. Que São Pedro, sendo uma mera "pedrinha", não tinha poder de ligar e de desligar coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha. Afirmariam, ainda, que todos os cristãos são iguais, e que, portanto, São Tiago era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não poderia prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o contrário.


Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago, verdadeiramente cristã, alheia aos erros do papado desde o princípio.


Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua tese saiu vitoriosa do Concílio, mas, em compensação, tiveram que acatar as normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons católicos que eram, entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que, portanto, tais normas eram de cumprimento obrigatório.


Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve uma "experiência pessoal" com Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou com o que bebe.  Além disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem conspurcada ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm horror a tudo o que é material). Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.


Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A "Igreja Em Cristo, Somos Mais do que Livres", ou "Igreja Deus é Liberdade."


Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59 d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é "cristianismo primitivo" para protestante nenhum botar defeito!


Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para resolverem divergências doutrinárias? Sabemos que não. Então, como os protestantes podem avocar um pretenso retorno ao "cristianismo primitivo" se não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se percebe que a "teoria do resgate" não passa de uma desculpa de quem, orgulhosamente, não quer aderir à Verdade.


Portanto, se a Igreja Primitiva tivesse sido protestante, como defendem alguns, este concílio não se realizaria. Primeiro que não se incomodariam se alguns cristãos confessam algo diferente, pois para os protestantes, o que importa é a fé em Cristo. A doutrina não importa, o que importa é a fé. Se você tem fé e foi batizado está salvo. Não é assim no protestantismo?


Em segundo lugar, supondo a realização do concílio, como já se viu acima, nem os cristãos judaizantes nem os discípulos de São Paulo não adotariam as disposições do Concílio em sua inteireza. E então não haveria de forma alguma uma só fé na Igreja.


Verificamos que então que a fé primitiva não era protestante, era católica; por isto eles sabiam que deveriam obedecer a Igreja pois criam que Cristo a fundou para os guiar na Verdade (cf. 1Tm 3,15), assim como nós católicos cremos. Tanto é assim que, nos séculos que se seguiram, os "cristãos primitivos" continuaram resolvendo suas pendências doutrinárias segundo o modelo de At 15. Concílios ecumênicos e regionais se sucederam por toda a história da cristandade, sempre acatados e respeitados. Alguns deles (vá entender!) são acatados e respeitados até pelos protestantes.


Depois da heresia judaizante, a ortodoxia (reta doutirna) cristã teve que combater as seguintes heresias: gnosticismo, montanismo, sabelianismo, arianismo, pelagianismo, nestorianismo, monifisismo, iconoclatismo, catarismo, etc. Para saber mais sobre estas heresias ler artigo "Grandes Heresias". Este mesmo artigo nos mostra como muitas destas heresias se revitalizaram nas seitas protestantes, que, assim, embora aleguem um retorno ao "crsitianismo primitivo", acabam por encampar doutrinas anematizadas por estes mesmos cristãos primitivos.


Como costumamos dizer, a coerência não é o forte do protestantismo...


O fato é que graças á realização dos Concílios Ecumênicos ou Regionais, graças aos decretos Papais, e à submissão dos primeiros cristãos aos ensinamentos do Magistério da Igreja, é que foi possível que houvesse uma só fé na Igreja antes do século XVI (antes da Reforma). Foi pelo fato da Igreja antiga ser Católica, que as palavras de São Paulo ("uma só fé" cf. Ef 4,5) puderam se cumprir.


Se a Igreja Antiga fosse protestante, simplesmente, o combate às heresias não teria acontecido, e com toda certeza nem saberíamos no que crer hoje. O mundo protestante só não e mais confuso porque recebeu da Igreja Católica a base de sua teologia.


Como ensinou São Paulo: "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (cf. 1Tm 3,15). Foi assim para os primeiros cristãos e assim continua para nós católicos.


Assim como no passado, continuamos obedecendo aos apóstolos (hoje são os bispos da Igreja, legítimos sucessores dos apóstolos) pois continuamos crendo que Jesus fundou sua Igreja nos ensinar a Verdade através dela.


Se isto foi verdade no passado, necessariamente é verdade agora e continuará sendo sempre.


Estude as origens da fé, procure saber sobre os Escritos patrísticos e descubra a Verdade, assim como nós do Veritatis Splendor, que somos ex-protestantes (em sua maioria) descobrimos.


Não rotulem, conheçam.


"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará"

O que são as seitas protestantes?

   ESCULTURA DE LUTERO
O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o Magistério sofre desde os seus primórdios uma desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e acolá, junturas e cacos em todas as direções.


Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato, descrevendo lucidamente o processo de desagregação doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola scriptura e do livre exame: "Na nova seita (protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo" ( In I.R.C. Pg. 212 , 7ª ed.).
Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão, infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há grupelho que só admite batismo em água corrente e sem cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca. Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e pastores, alí pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos, acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas quando o assunto é ministério ordenado.
Após a morte, o que espera o cristão? Pode um crente questionar seu pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a flora. Há Pastor que prega que todos estarão inconscientes até a vinda de Cristo quando serão julgados; outros pregam o "arrebatamento" sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o inferno é temporário; opinam alguns que ele não existe; e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um maluco aqui e ali aprovando a poligamia?
Lutero mesmo admitiu tal possibilidade: "Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às Escrituras; não quisera porém ser o primeiro a introduzir este exemplo entre cristãos" ( Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (...) De Wette, Berlin, 1825-1828, II. 259 ). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que demonstra que entre os critérios para um evangélico escolher sua nova igreja está o tamanho do estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.
Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, que no século passado já afirmava: "Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado ? Portanto uma confusão (é a regra ) mesmo dentre as matérias mais essenciais" ( Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953)
Mas o próprio Lutero que saiu-se no mundo com esta novidade da sola scriptura viveu o suficiente para testemunhar e confessar os malefícios que estas doutrinas iriam causar pelos séculos afora: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" (Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ). Um outro trecho selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha também de quando em quando uns momentos de bom senso: "Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm" ( Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).