domingo, 7 de outubro de 2012

Números: Mártires do Século XX



"Nosso nosso século retornaram os mártires, muitas vezes desconhecidos, quase 'militi ignoti' da grande causa de Deus" (Tertio millenio advenient n. 37).

Quero escrever sobre números, uma vez que é isto que importa hoje em dia. O primeiro número que quero escrever é 860.000: "O escritor e diplomata israelense Pinchas Lapide estimou que 860 mil judeus foram salvos [do regime nazista] com a intervenção católica" (1).

Quero agora escrever 800. É o número de sacerdotes católicos mortos entre 1955 e 1995 em diversas partes do mundo (2).

Agora quero escrever 5.300. É o número dos que foram martirizados no México quando desencadeou-se o regime anticatólico de 1917 (3).

Na Espanha, entre 1931 e 1939 [durante a guerra civil espanhola] existem outros números: 2.000 igrejas destruídas, 6.000 sacerdotes assassinados, bens móveis e imóveis confiscados (4).

Agora quero escrever 9.000. É a soma dos 6.000 missionários estrangeiros presos, expulsos ou assassinados com os 3.000 sacerdotes, leigos ou religiosos chineses condenados ou deportados a partir de 1949 na instauração do comunismo chinês (5).

Na  União Soviética (URSS) "a vida religiosa católica foi, em poucos anos, quase completamente aniquilada [...]. Com a guerra de 1939 a 1945 [...] 70 milhões de católicos [dos países anexados e da própria Rússia] sofreram uma duríssima perseguição. Em 1929 foi expulso o último bispo católico. [...] Em 1937 foram fechadas [pelo sistema de governo soviético] 1.100 igrejas ortodoxas, 240 igrejas católicas, 61 protestantes, 110 mesquitas [...]. As igrejas ortodoxas que em 1913 eram 80.729 foram reduzidas a 3.900 [...]. Essas medidas encontraram a oposição do povo, que respondeu com grandes procissões para defender as igrejas e os mosteiros. [...] Em 1922 fala-se de 8.100 vítimas (2.691 sacerdotes, 1.962 monges, 3.447 monjas, 150 bispos deportados para a Sibéria)" (6).

Outro número que é interessante: Na Albânia "depois de seis anos de governo comunista, a Igreja Católica estava quase completamente aniquilada [...]. Dos seis bispos, restava um. Dos 94 sacerdotes seculares, dezessete foram mortos, 39 presos, 3 obrigados a buscar asilo no exterior, onze convocados às armas, dez mortos de morte natural ou seguida de maus-tratos [...] Além disso, foram fechados ou requisitados todos os seminários, noviciados, conventos, escolas, asilos e todas as obras da Igreja Católica" (7).

Resolvi escrever estes números inexatos e que não contam os assassinatos de católicos, ortodoxos e protestantes das duas últimas décadas. Tenho um único intuito: mostrar que a Igreja permanece viva. Ela a ninguém incomodaria se não estivesse viva! Ademais, os apelos dos Santos Padres a que nos entreguemos de corpo e alma à obra da evangelização é para que o mundo, conquistado pelo Evangelho, se convença de seus erros e assim trilhe caminhos diferentes do passado. Não penso que o mundo venha a pedir perdão à Igreja por tê-la feito sofrer tal agrura. Nenhum filho ingrato o faz para com sua mãe. Com os governos e sistemas hostis que nos governam não é diferente. Os números da perseguição podem aumentar no mesmo passo que os do IBGE diminuem para a percentagem de católicos no Brasil, porque para ser perseguido em nossos dias basta professar a fé viva e incondicional em Jesus Cristo e em suas leis e mandamentos. Concluo afirmando que a Igreja não faz o papel de vítima de um psicodrama. Ela é protagonista de sua história guiada pelo Espírito de Deus. A Igreja não tem necessidade de se auto-afirmar incensando os erros do passado e cultivando-os numa memória mórbida da própria sorte. Ela afirma-se propondo um mundo novo aos olhos contemporâneos sem esquecer-se de quem é e sem apegar-se aos muitos flagelos que sofreu na história. Porém, penso ser um dever de justiça dar a cada um o que lhe é devido. Incautos há que cobram a Igreja sob a pecha de "obscurantista; má; perseguidora e assassina" em um período da história sem, contudo, conhecê-la ou ao menos citar dados e fontes. O texto supra tem um tom apologético. Ele intenciona dar a César o que é de César: Nas mãos de sistemas iníquos repousa o sangue de Abel que clama aos céus por justiça!
(1) cf. ZAGHENI, G. A Idade Contemporânea. Curso de História da Igreja IV. São Paulo, Paulus: 1999. Pg. 323.

(2) (3) (4) (5) cf. Idem. pg. 394.

(6) cf. Idem. pg. 395-396

(7) cf. Idem. pg 398-399

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